João Paulo Iberti
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Devido à precária estrutura familiar, carência educacional e falta de oportunidades profissionais, jovens do Calabar e Alto das Pombas, comunidades localizadas entre os bairros da Barra e Ondina, se envolvem cada vez mais com o mundo do crime. Preocupados com essa situação, surgem os projetos sócio-educativos que tem como objetivo proporcionar atividades ocupacionais que contribuam para aumentar a autoestima dessa parcela excluída da sociedade.
Resultado de projetos públicos de reurbanização mal sucedidos, essas comunidades aparecem em espaços informais da cidade. Em meio a terrenos acidentados e convivendo diariamente com o contraste social, adolescentes encontram no Grupo Comunitário de Basquete do Calabar e Alto das Pombas (GCBCAP) a oportunidade de fazer o maior arremesso das suas vidas contra a exclusão social.
Criado em 18 de setembro de 1995, pelo ex jogador de basquete Paulo Henrique Pereira da Silva "Fininho", o GCBCAP tem como principal propósito desviar os jovens da delinqüência, pois muitas dessas crianças tornam-se alvos fáceis de traficantes que os utilizam como “aviãozinho”, termo dado a quem faz entrega de drogas. Logo partem para o uso e, na maioria das vezes, tornam-se chefes de ponto de drogas.
A ideia de incentivar esses garotos através do esporte aconteceu quando Fininho presenciou uma partida de basquete realizada por eles. “Era possível observar muitas brigas e imperícia técnica”, comenta. A partir daí resolveu ensinar fundamentos do gênero esportivo e, em troca, cobrar rendimento escolar e disciplina. Nos primeiros oito dias eram apenas cinco alunos, após a primeira semana, o grupo já contava com 50 inscritos.
Esporte e rendimento escolar A maioria desses jovens, não frequentavam a escola e sequer encontravam-se matriculados. Partindo disso, o treinador resolveu matriculá-los pessoalmente em colégios da Rede Municipal de Ensino. Muitas vezes, com autorização dos seus responsáveis, Fininho desloca-se pessoalmente até as escolas para acompanhar o rendimento escolar de seus alunos.
Como forma de incentivo, Fininho passou a inscrever o time em diversos campeonatos amadores do Estado. “Participa das competições apenas os alunos com boas notas no boletim escolar e freqüência assídua em salas de aula”, afirma o treinador. Essa foi uma forma encontrada por ele de manter a garotada na escola despertando neles também o interesse pelo esporte.
Segundo Bárbara Perla, pedagoga e coordenadora de colégios da rede municipal de ensino, a cada dia que passa aumenta a presença de jovens nas escolas, estimulados por essas iniciativas. Também é notável e significativa a melhora no comportamento fora das salas de aula, por conta de medidas disciplinares aplicadas pelos projetos sociais. Esses resultados são vistos com satisfação por professores e pais de alunos.
As primeiras participações do projeto em competições foram lamentáveis, avalia Fininho, pois o GCBCAP perdeu de forma arrasadora para todos os clubes os quais enfrentou, tornando-se alvo de gozações na localidade. No início foi complicado para o professor mostrar que a superação e a inclusão social é o principal título a ser conquistado por esses jovens.
Um dos maiores estímulos para continuar sua caminhada a favor do desenvolvimento social é poder contar no grupo com a presença de garotos que são filhos de ex-alunos do GCBCAP. Segundo Fininho, uma forma de provar a importância de seu projeto é refletir nesses jovens a imagem passada de seus pais que um dia passaram por lá e tiveram também a oportunidade de pensar e construir um futuro melhor.
A superação, sem dúvidas, é o lema do GCBCAP, pois, driblar todas essas dificuldades é realmente uma grande jogada. Aliados a essa partida para banir a desigualdade, está a persistência de Fininho que acredita no talento e é convicto que uma semente bem cuidada só produzirá bons frutos. E é o que se constatam nesses jovens que, com o aprimoramento de técnicas e treinos incansáveis, conquistaram títulos importantes, tais como: Campeonato Brasileiro, Copa Dante Martins, Bi da Copa Verão e Penta Estadual.
Entre algumas instituições que atualmente apoiam o GCBCAP está o Colégio Diálogo, Instituto Fazer Acontecer, mantido pela UNICEF e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), que cede as quadras do Complexo Esportivo Universitário em Ondina para as realizações da prática esportiva.